Quem esteve na ultima quarta-feira, (24) na Unifesp - Silva Jardim teve a oportunidade de presenciar um momento muito diferente da rotina acadêmica.
Aconteciam ali as atividades “Cultura e Resistência Indígena Guarani”, organizado pelo PET de Educação Popular; um momento de celebração mas também de resistência - Com exposição de fotografias e vídeos do fotógrafo Ailton Martins que mostram um pouco da rotina da Aldeia Tekoá Paranapuã (São Vicente). que apresentou seu artesanato típico, suas músicas e danças.
“O simples fato de encontrar crianças brincando dentro da universidade já algo incomum, quanto mais crianças indígenas, aí o estranhamento é ainda maior.” Disse a professora Raiane Assumpção
A verdade é que temos muita dificuldade em olhar para o mundo sem sermos afetados pela inclinação narcisista de nossa cultura que tende a entender o pensamento do “outro” como uma visão visão precária ou um mero esboço do pensamento ocidental.
A Aldeia Tekoá Paranapuã, por exemplo, está sofrendo uma ação na justiça - autoridades determinaram no fim do ano passado uma reintegração de posse na área da aldeia alegando dentre outras coisas estarem eles morando dentro de um parque ambiental, entretanto, há que se manter em vista que os povos indígenas estavam aqui muito antes da existência de um parque e, certamente, se algo causa prejuízo ambiental, não é a existência da aldeia, pois as comunidades indígenas mantém uma grande comunhão com a natureza, pois tem consciência de que são dependentes dela para sobreviver e seguir suas tradições.
Outro destaque no evento foi a participação da professora de etnologia indígena Iris Morais de Araújo, que traçou o atual e preocupante panorama da situação dos povos indígenas pelo Brasil, salientando dentre outras coisas que, segundo a Constituição de 1988 as terras das comunidades já deveriam ter sido demarcadas - E que isso ainda está longe de acontecer, tendo em vista o baixíssimo número de estudos e demarcações realizados nos últimos anos. A antropóloga também salientou que projetos de lei como o que permitiria mineração nas terras indígenas e o que pretende privatizar os parques e reservas ecológicos são uma ameça não só aos índios como ao meio ambiente em geral.
Desde então, os Guarani têm lutado para ver os limites reais de sua ocupação tradicional reconhecidos. Apesar de viverem muito próximos à maior mancha urbana do continente, os Guarani de São Vicente praticam seus rituais tradicionais e mantêm viva sua língua. Eles lutam para ter seus direitos territoriais reconhecidos e para que seu idioma e suas expressões culturais sejam celebrados como parte constitutiva e significativa da diversidade cultural brasileira.