Escrito por Héric Moura
O resultado das eleições municipais em Santos reforça a necessidade da construção de uma nova forma de fazer política, tão necessária para derrotar os velhos métodos do fisiologismo, pragmatismo e da mera disputa por espaços de poder. PT, PCdoB, PSDB, PMDB e os demais partidos "da ordem" não representam uma opção para transformar a sociedade brasileira, e muito menos para Santos.
Estes partidos se converteram em forças políticas tradicionais, de uma tradição que deve ser quebrada. A predominância da velha política nos espaços de poder serve apenas para agravar a atual crise política, econômica e social que vivemos. Além disso, colabora para acelerar a degeneração da política, que é vista cada vez menos como um espaço emancipador, afinal, estes partidos a transformaram num mero balcão de negócios, corrupção e de ataque aos nossos direitos.
Mesmo envolvido em diversos escândalos de corrupção ao longo de seu primeiro mandato, Paulo Alexandre Barbosa (PSDB) obteve 172.215 votos e foi reconduzido ao cargo. Isso se deve majoritariamente ao gasto de muito dinheiro em sua máquina eleitoral, marketing político e o fisiologismo, comprando quase todos os partidos da cidade. A coligação do PSDB foi de 16 partidos, o que favoreceu mais tempo na televisão.
Outro grande fator da reeleição de Paulo Alexandre é a falta de referência, que ainda existe em grande parte do eleitorado santista, a respeito de uma nova uma alternativa de poder. Alternativa esta, que o PSOL já representa em várias cidades do Brasil, a exemplo Sorocaba, Rio de Janeiro e Belém, onde estamos disputando o segundo turno, em outros municípios, onde elegemos vereadores e prefeitos em todo o território nacional.
Em Santos o PSOL já começa a ocupar mais espaço, tendo nestas eleições o melhor resultado de sua história na cidade, tanto na disputa pela prefeitura, quanto nas cadeiras do legislativo, que seguem dominadas por forças conservadoras. O PT, que já não representa mais a política emancipadora e de esquerda, sendo apenas mais um partido da velha política, elegeu dois representantes para o legislativo Santista.
Ainda sobre o legislativo, a expressiva votação do candidato de direita Kenny (do PSDB e ex-DEM) que cria um marketing político para mascarar sua essência conservadora, fisiológica e clientelista, passando a ilusão de ares progressistas, quando na verdade é apenas mais uma expressão da velha política santista e sua atuação com vereador, é a prova disso. Sobre quem vê nele algo novo, o voto dado, se transformará em frustração e decepção, muitas pessoas votaram naquilo que negam, ludibriadas pelo marketing politico.
Numa visão nacional, o PT foi o partido que mais sofreu derrotas, tendo seu espaço de poder ocupado majoritariamente pelo PSDB e demais forças conservadoras, muitas que inclusive foram o sustentáculo da governabilidade petista. Fica mantida assim a prática da fisiologia e negociatas, fortalecendo agora a base de apoio ao governo ilegítimo de Michel Temer, que vem para retirar nossos direitos e contra o qual lutamos com todas as nossas forças.
Mas o PSOL em várias cidades já desponta como uma alternativa contra a direita e a falsa esquerda, tendência que vai se aprofundar nos próximos anos, nesta eleição obtivemos crescimento, com campanhas militantes, construídas por voluntários e com apenas 13 segundos de programa de TV, sofrendo ainda boicote nos debates, como ocorreu em Santos onde, fomos impedidos de participar do debate na TV Tribuna.
É importante destacar que PT e PCdoB, se coligaram com os partidos que votaram e articularam o impeachment do governo Dilma. PT Pc do B, PMDB e outros, estiveram coligados em quase metade das cidades brasileiras nestas eleições, revelando que são inimigos apenas na aparência e que estão juntos para atacar nosso direitos, estas coligações são apenas mais uma prova disso. PT e PCdoB estão há muito tempo na vala comum do fisiologismo e já não representam mais os interesses da esquerda brasileira e das pessoas que buscam mudança.
Outro dado importante foi o grande número de votos brancos e nulos em todo o país, o que revela o descontentamento de uma parcela importante da população com as políticas institucionais que estão degeneradas em virtude das práticas dos partidos da velha política.
Seguiremos aprofundando a nossa construção de uma nova forma de fazer política em Santos, na qual as eleições são apenas mais um momento da política, que deve ser feita cotidianamente ao longo do ano todo, e estando sempre na luta em defesa de um projeto que defenda os interesses da juventude e dos trabalhadores.
Héric Moura é militante do movimento estudantil, ambiental e estudante de Ciências do Mar na UNIFESP