Pular para o conteúdo principal

Os prédios tortos de Santos

Em destaque o edifício "Excelsior", onde funcionava até 2017, um dos bares mais conhecidos de Santos: o bar do "Torto"

Uma história marcada pela especulação imobiliária

Nesta época do ano, se intensifica o fluxo de turistas para Santos e Baixada Santista como um todo. Muitas pessoas vem em busca de lazer e descanso, lotando as praias e cidades da região, em Santos muitas atrações entretêm turistas e moradores, mas para aqueles que observam a orla com mais atenção se destacam os prédios tortos.

Prédios que foram construídos, sobretudo entre as décadas 1950 e 1960 passaram “entortar” na orla da cidade já nos anos de 1970. O motivo do afundamento destes prédios, é consequência de construções feitas com fundações rasas, em muitos casos de apenas 10 metros, em áreas de manguezais, terreno argiloso, onde as partes mais sólidas se encontram somente a mais de 50 metros de profundidade

Este problema afeta mais de 90 prédios na orla santista, mais concentrados entre os canais 3 e 6, sendo que 65 estão fora do padrão ABNT, apresentando inclinações desde 0,5 m a 1,8 metro. Segundo dados da prefeitura, atualmente os “tortos” concentram mais de 2.700 apartamentos, onde moram aproximadamente 17.000 pessoas, quase 3% da população de Santos, dados da prefeitura, também indicam que alguns edifícios, que foram erguidos na década de 1990, já possuem mais de 1 metro inclinação.

Prédios tortos se destacam na orla
O que a primeira vista se apresenta com uma versão brasileira de “Torre de Pisa”,com um olhar mais cuidadoso, se revela como uma história onde a pressão por lucros e a mercantilização extrema da cidade, tem marcado esta cidade há muitos anos.


Com a consolidação de Santos como cidade turística e de veraneio no incio da década de 1950, uma intensa especulação imobiliária tomou a cidade, e levou a construção de obras apressadas, que buscavam reduzir custos de qualquer forma e que negligenciaram estudos técnicos sobre o solo santista.

Santos ainda é refém da especulação imobiliária, impulsionada no último ciclo pelo pré-sal. Os problemas dos prédios tortos persistem, as soluções de técnicas para nivelar os edifícios são extremamente caras e foram realizadas até o momento em pouquíssimas construções, apesar de laudos atestarem que no momento não há riscos de algum prédio cair o problema ainda segue sem solução e se aprofundando.

Os moradores foram obrigados a conviver com a situação, tendo grande prejuízo em sua qualidade de vida. Não podemos ignorar que se trata de um problema social, uma situação preocupante que demanda atuação do poder público, pois trata-se da segurança e da vida.


As cidades devem se libertar da ditadura da especulação imobiliária geradora de muitos problemas e que segue criando absurdos em diversas localidades por todo o Brasil. As cidades precisam ser repensadas como um direito e não como espaço de geração de lucros a qualquer preço.  

Postagens mais visitadas deste blog

Lei de drogas e encarceramento: a culpa é de quem?

Ou por que a Lei de Drogas de 2006 NÃO é a responsável pelo aumento dos aprisionamentos no país * por Marcos de Paula Correlação causal não é relação de causa e efeito Muitas vezes, uma coisa parece ser causa de outra, quando na verdade não é. Esse é um tipo de engano que podemos cometer quando duas coisas estão de fato relacionadas entre si, parecendo haver entre elas uma relação de causalidade, embora entre elas haja apenas uma correlação . Por exemplo: conquanto os estudos não sejam conclusivos, parece haver uma correlação entre fumar maconha e contrair câncer (de boca, garganta ou pulmão). Mas o que de certo já se sabe é que a maconha está muito menos relacionada ao câncer do que o tabaco. O que ocorre é que a combustão da celulose usada no cigarro de maconha é carcinogênica – mas não a própria canábis. Ao contrário, vários estudos mostram que a canábis é antitumoral, ou seja, pode prevenir contra o câncer i . Então, fumar maconha pode estar relacionado a certos casos de cânce

Santos se une a protestos globais em solidariedade à Palestina no sábado (4)

Neste  sábado, 4 de novembro de 2023, cidades ao redor do mundo se unem em um Dia Mundial de Solidariedade ao Povo Palestino, em resposta aos ataques contínuos de Israel contra a Faixa de Gaza. Mais de cem cidades além de Santos, como Buenos Aires, Dublin, Londres, Paris e Berlim, também sairão às ruas para demonstrar apoio à liberdade dos palestinos e protestar contra os abusos das forças israelenses. Em Santos a manifestação terá início às 16h, com concentração na praça das bandeiras. Organizações locais, como a comunidade Islâmica da Baixada Santista, Mandato da vereadora Débora Camilo (PSOL), Associação José Martí e diversas outras organizações, estão desempenhando um papel fundamental na organização deste evento de solidariedade. Neste momento crítico, é fundamental que levantemos nossas vozes em defesa do povo palestino. Diante dos incessantes ataques e violações de direitos humanos promovidos pelo Estado de Israel sobre a Faixa de Gaza, que já soma 27 dias consecutivos de bombar

9 de Março: Uma manifestação pela morte em Santos

Em um cenário frequentemente agitado por disputas sociais e confrontos, várias manifestações ao longo dos anos desfiaram abertamente os pilares dos Direitos Humanos e a valorização da vida. Estes eventos revelaram de parte da sociedade, uma recusa explícita à dignidade humana e infringiram diretamente os direitos fundamentais à vida e à liberdade. Nos Estados Unidos, a trajetória da Ku Klux Klan (KKK) exemplifica dolorosamente como certas manifestações podem se transformar em canais de ódio e agressão. Originária do período pós-Guerra Civil, a organização fez campanhas de terrorismo contra afro-americanos, judeus e imigrantes, adotando linchamentos, incêndios criminosos e ameaças para coagir essas comunidades. Suas marchas e ações públicas não somente difundiam a ideologia da supremacia branca, mas também visavam a eliminação física de grupos considerados inferiores ou ameaçadores à sua concepção de ordem social. No Brasil, a polarização social, tem raízes socio-históricas profundas e