Pular para o conteúdo principal

Não é difícil de entender


por *Gilson Amaro

Questões complexas podem ser explicadas de forma simples, não que assim se possa passar o entendimento nos detalhes da questão, mas pode passar a compreensão do seu sentido geral e significado amplo.

O curioso é que muitas vezes coisas simples são as mais difíceis de explicar ou de se fazer entender, e quando isso ocorre estamos diante de um grande problema. Sobre diversos elementos da atual conjuntura política brasileira isto se comprova, pois a perspectiva histórica, parece ter sido colocada fora da jogada, não de forma impensada, claro, o que turva a compreensão do presente.

Por exemplo um grande alarde marca a condenação de Lula, mas não marca o fato de Rafael Braga estar preso por portar pinho sol em 2013 durante manifestações, não há também mesmo alarde, para o fato de nossas prisões serem presídios políticos em sentido amplo, para pobres negros e periféricos. Assim há uma inversão, como se um dos homens mais poderosos do Brasil, que viaja em avião de megaempresário da educação para prestar depoimento, fosse a síntese da seletividade penal brasileira. Tem algo muito errado neste entendimento.

Setores do ativismo social, seja em camadas jovens ou em setores de outras gerações, incorporam muitas vezes de forma acrítica, estas determinações politicas, formuladas pela executiva nacional do PT e disseminada em blogs, sites e demais meios de comunicação e movimentos que estes dirigem e influenciam.

A mesmo tempo, não se vê por parte do lulopetismo a mesma reação no tocante destruição dos direitos trabalhistas, corte de gastos em áreas sociais etc. A oposição do petismo (leia-se sempre- Pc do b também) aos ataques é meramente instrumental, pragmática, não passam de shows pirotécnicos das burocracias sindicais e parlamentares no Congresso Nacional destes agrupamentos políticos, que são apenas a outra face da mesma moeda dos grupos que compõe a sustentação do governo Temer, maioria que já foi a sustentação dos governos Lula e Dilma.

Para aprofundarmos um entendimento sobre isso, vamos a um dado simples. PT e Lula não são vítimas da atual conjuntura política, mas sim grandes responsáveis por ela. Outro dado simples, de igual modo Lula, PT e seus aliados e integrantes ( Pc do B, CUT, UJS etc...) não são a solução para a crise que vivemos e sim parte dela. Para entender basta voltar ao primeiro dado deste parágrafo.

Estes argumentos são de uma simplicidade de saltar aos olhos. Mas para alguns setores, são refutados, como se fossem absurdos, isto também é fácil de entender (volte ao primeiro item do parágrafo anterior). O PMDB foi histórico aliado do petismo, que passou mais de 13 anos defendendo um suposto “realismo politico”, estabelecendo que o limite da esquerda brasileira seria os marcos da governabilidade, sem rupturas, sem enfrentamentos, uma esquerda responsável e bem comportada, que mudará o Brasil em alianças com estas forças que hoje estão ao lado de Temer, sim o Temer que era vice da Dilma e o PMDB que era a tropa de choque dos petistas no poder.

Quando nos tentam convencer que o grande problema do Brasil, é o fato de um possível candidato, ex presidente, de um partido que sempre governou com os que estão governando hoje, atacando os setores populares, se tornar inelegível em 2018 é hora de voltar ao parágrafo anterior, pois não podemos cair nesta falácia. 

*Gilson Amaro é colaborador do Jornal Santista

Postagens mais visitadas deste blog

Lei de drogas e encarceramento: a culpa é de quem?

Ou por que a Lei de Drogas de 2006 NÃO é a responsável pelo aumento dos aprisionamentos no país * por Marcos de Paula Correlação causal não é relação de causa e efeito Muitas vezes, uma coisa parece ser causa de outra, quando na verdade não é. Esse é um tipo de engano que podemos cometer quando duas coisas estão de fato relacionadas entre si, parecendo haver entre elas uma relação de causalidade, embora entre elas haja apenas uma correlação . Por exemplo: conquanto os estudos não sejam conclusivos, parece haver uma correlação entre fumar maconha e contrair câncer (de boca, garganta ou pulmão). Mas o que de certo já se sabe é que a maconha está muito menos relacionada ao câncer do que o tabaco. O que ocorre é que a combustão da celulose usada no cigarro de maconha é carcinogênica – mas não a própria canábis. Ao contrário, vários estudos mostram que a canábis é antitumoral, ou seja, pode prevenir contra o câncer i . Então, fumar maconha pode estar relacionado a certos casos de cânce

Santos se une a protestos globais em solidariedade à Palestina no sábado (4)

Neste  sábado, 4 de novembro de 2023, cidades ao redor do mundo se unem em um Dia Mundial de Solidariedade ao Povo Palestino, em resposta aos ataques contínuos de Israel contra a Faixa de Gaza. Mais de cem cidades além de Santos, como Buenos Aires, Dublin, Londres, Paris e Berlim, também sairão às ruas para demonstrar apoio à liberdade dos palestinos e protestar contra os abusos das forças israelenses. Em Santos a manifestação terá início às 16h, com concentração na praça das bandeiras. Organizações locais, como a comunidade Islâmica da Baixada Santista, Mandato da vereadora Débora Camilo (PSOL), Associação José Martí e diversas outras organizações, estão desempenhando um papel fundamental na organização deste evento de solidariedade. Neste momento crítico, é fundamental que levantemos nossas vozes em defesa do povo palestino. Diante dos incessantes ataques e violações de direitos humanos promovidos pelo Estado de Israel sobre a Faixa de Gaza, que já soma 27 dias consecutivos de bombar

9 de Março: Uma manifestação pela morte em Santos

Em um cenário frequentemente agitado por disputas sociais e confrontos, várias manifestações ao longo dos anos desfiaram abertamente os pilares dos Direitos Humanos e a valorização da vida. Estes eventos revelaram de parte da sociedade, uma recusa explícita à dignidade humana e infringiram diretamente os direitos fundamentais à vida e à liberdade. Nos Estados Unidos, a trajetória da Ku Klux Klan (KKK) exemplifica dolorosamente como certas manifestações podem se transformar em canais de ódio e agressão. Originária do período pós-Guerra Civil, a organização fez campanhas de terrorismo contra afro-americanos, judeus e imigrantes, adotando linchamentos, incêndios criminosos e ameaças para coagir essas comunidades. Suas marchas e ações públicas não somente difundiam a ideologia da supremacia branca, mas também visavam a eliminação física de grupos considerados inferiores ou ameaçadores à sua concepção de ordem social. No Brasil, a polarização social, tem raízes socio-históricas profundas e