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Sobre a reoxigenação do lulopetismo



Este fenômeno interessa apenas para a manutenção de um sistema que agora possui Temer na gerência. O petismo não é de fato contra o governo Temer, mas apenas contra Temer na presidência, fazendo oposição meramente cênica e pragmática. Não é a toa que dirigentes da cúpula do PT vacilaram relutantes em usar a palavra golpe, o próprio Lula sempre sinaliza isso.

Ai reside uma diferença fundamental. É necessário ser contra o governo Temer pelo projeto que ele representa e implementa, por seu sentido histórico, indissociável do lulopetismo, e também de tudo que há de mais retrógrado na história do Brasil. É preciso ser pelo Fora Temer pois este, aprofunda e torna ainda mais brutal o mesmo projeto que já atacava e retirava nossos direitos sob o comando de outros partidos e contra o quais já lutávamos.

Somos contra o governo Temer, não apenas por que o vice de Dilma usurpou a vaga na presidência, mas sim pela necessidade de romper com um projeto que agora mostra sua face mais voraz, buscando destruir direitos sociais, trabalhistas e previdenciários. E não fazemos esta luta por oportunismo eleitoral como muitos agora o fazem, pois são apenas a ala esquerda do "partido da ordem" e do grande capital, latifúndio e etc.

O “Fora Temer” deve expressar a necessidade de uma ruptura sistêmica, uma rebelião contra o sistema político brasileiro e toda a lógica de exploração e corrupção que ele retroalimenta, e não deve ser o caminho para o “retorno triunfal” da gerência petista no projeto de ataque aos nossos direitos e desmonte dos serviços públicos.

A estratégia de poder petista, pragmática e conservadora, fortaleceu os setores mais reacionários e retrógrados da direta brasileira, entrando em simbiose com estes para manter seus privilégios. Por isso o PT e demais partidos da ex-querda fazem malabarismos para esconder fatos históricos, lançando mão de uma curiosa e confusa narrativa dos acontecimentos, que aponta em vários e contraditórios sentidos, além de confundir democracia formal com democracia real.

Vivemos a falência da "Nova Republica”, e é necessário portanto construir um forte movimento extra parlamentar e radical na sociedade para reconstruir as bases da democracia e para evitar o risco de que as forças sistêmicas, representadas pelos polos que protagonizam a atual falsa polarização se reoxigenem e se fortaleçam para manter o controle do "partido da ordem".

Sendo assim: #ForaTemer

Gilson Amaro é militante do Coletivo Primeiro de Maio e colaborador do Jornal Santista

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