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'Pokémon Go' revela desigualdade em Santos

Escrito por: Héric Moura

A popularidade do jogo atingiu proporções enormes, tornando-se uma verdadeira mania. É praticamente impossível passear pela orla da praia sem se deparar com dezenas, ou até mesmo centenas de jovens em busca de pokémons. No entanto, essa febre também expôs uma triste realidade: a existência de uma desigualdade social muito real.

Jovens reunidos na Praça das Bandeiras para caçar Pokémon
Recentemente, a empresa responsável pelo jogo disponibilizou mapas online que mostram a localização dos "Pokécentros" e "Ginásios" - lugares públicos onde é possível caçar pokémons e ganhar pokébolas. Infelizmente, o Brasil vem enfrentando um fenômeno semelhante ao observado nos Estados Unidos e em São Paulo: áreas com maiores índices de pobreza estão sendo excluídas do jogo.

Essa situação ocorre devido à seleção dos locais jogáveis pela empresa, que se baseou em um outro jogo lançado em 2013, chamado "Ingress". Nesse jogo, os próprios usuários tinham a possibilidade de marcar locais de referência, como igrejas, estátuas e pontos turísticos, para serem utilizados como pontos de interesse no jogo.

Mapa de ginásios e pokéstops na orla da praia

Assim, o mapa do Pokémon Go se transformou em um verdadeiro indicador das áreas da cidade com opções de lazer, cultura, esporte e vivência, mas também revelou as regiões carentes que foram excluídas. Um exemplo é o Dique da Vila Gilda, localizado na Zona Noroeste, onde residem mais de 10 mil moradores, porém, simplesmente, não possui nenhum ponto de referência no jogo. Essa disparidade evidencia claramente um critério de seleção dos locais jogáveis que beneficia unicamente áreas já privilegiadas da cidade, aprofundando ainda mais a exclusão de outras regiões negligenciadas.
Mapa de ginásios e pokéstops na Zona Noroeste

Uma das consequências diretas desta ausência de locais para a caça de Pokémons em regiões como a Zona Noroeste é a dificuldade de acesso ao jogo pela população dessa localidade. Isso significa que se tornar um mestre Pokémon é mais fácil se você mora "perto da praia" do que se você mora "perto do morro". Essa situação aprofunda ainda mais a desigualdade, já que as opções de lazer para os jovens nessas regiões já são escassas.

Fontes:
Catraca livre: Como 'Pokémon Go' vira um mapa da desigualdade

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