Durante a última sessão ordinária, realizada em 30 de maio, um episódio lamentável ocorreu na Câmara de Santos. O vereador/pastor Roberto Teixeira (Republicanos), trouxe à tona uma fala infeliz e chamou os indígenas de "bárbaros" em seu requerimento de congratulações pelos 31 anos de emancipação de Bertioga, cidade que possui como atração cultural e turística o Festival Indígena.
Em seu discurso, o vereador/pastor escreveu e proferiu palavras carregadas de preconceito, chamando os indígenas de "bárbaros". Ele mencionou a história da colonização da região, citando conflitos entre os colonizadores portugueses, representando a civilização, e os tamoios, liderados por Aimberê, Caoaquira, Pindobuçu e Cunhambebe, que foram estigmatizados como a "barbárie".
Essas declarações causaram indignação e reações imediatas. O advogado Nobel Soares apresentou uma ação criminal ao Ministério Público contra o vereador, argumentando que é inadmissível, em um momento em que o mundo busca estabelecer normas de respeito e proteção dos povos indígenas, que um "representante do povo" impute aos indígenas brasileiros a prática de atos de "barbárie" quando estão apenas defendendo seu território.
Nobel Soares, além de entrar com a ação, afirmou que iniciará um processo de reuniões junto aos indígenas da Baixada Santista, reconhecendo-os como os verdadeiros protagonistas dessa luta. Ele ressalta a importância de ouvir suas demandas, ampliar o diálogo e apoiar suas reivindicações legítimas por respeito, preservação cultural e garantia de seus direitos.
A Baixada Santista e o litoral de São Paulo abrigam uma significativa população indígena, principalmente os Guaranis Mbya. Estima-se que haja cerca de 2.500 indígenas na Baixada. Além disso, existem outras etnias do tronco Guarani presentes. No estado de São Paulo, há 30 terras indígenas reconhecidas, das quais 14 estão regularizadas. Outras 16 estão em processo de demarcação, com 12 ainda em fase inicial de identificação. A presença dos indígenas na região destaca a importância de valorizar sua diversidade cultural e proteger seus territórios ancestrais.